Resumo do artigo científico da professora e doutora em Criatividade, Cleusa Sakamoto.
A adolescência é um período de vida peculiar por representar uma crise de identidade do indivíduo, porém, esta busca por seu posicionamento, aliada a liberdade de se expressar faz com que o adolescente seja muito criativo. A postura de questionador do adolescente, com sua mania de colocar tudo à prova faz com que ele tenha um importante papel social, na implantação de novas idéias, de novas idealizações.
A metaforização do estudo desta criatividade propícia do adolescente é encontrada na história “Aladim e a lâmpada maravilhosa”, do conto “As mil e uma noites”.
Aladim é a representação deste ser adolescente questionador, em busca de suas respostas, seus ideais, de seu posicionamento. Alguém com estas características seria o propício à adentrar em uma escura caverna em busca da lâmpada mágica. Neste caso, a caverna é a metáfora do próprio “eu”, da pessoa. Adentrando a caverna, Aladim está, na realidade, adentrando em seu próprio interior em busca da lâmpada maravilhosa de suas potencialidades.
Algumas versões de Aladim são muito limitadas a passar a idéia de que ele era desobediente, e não estava engajado no ciclo produtivo de sua sociedade. Mas, este é o perfil de um adolescente, onde, a parte da desobediência (que, no caso de Aladin, era a recusa a seguir o ofício do pai), é parte desta natureza questionadora. E, a não preocupação com a arrecadação de bens materiais é justificada por não ser esta a preocupação genuína do adolescente, dentro deste contexto sócio-histórico. Sendo assim, a prioridade de Aladin era ser feliz, desfrutar de sua liberdade, sonhar com seu futuro.
A respeito da lâmpada, representativa da capacidade criativa, ela contém um Gênio, que concede desejos a quem a esfrega (isso ocorre com Aladin, após esfregá-la acidentalmente, que, entre outros pedidos, desejou ser o príncipe e desposar a princesa, filha do sultão). Esse gênio representa uma força fundamental que possibilita a transformação do potencial em ação, ou seja, com seguir, através do potencial criativo, concretizar os feitos, as idéias, ações.
O Mago que ludibria Aladin possui o interesse em obter a lâmpada mas, por não estar destituído do interesse pessoal de obtenção de uma produção criadora de resultados, não pode obtê-la, mesmo que ele, metaforicamente, já conheça os poderes latentes da capacidade humana.
Uma vez que a lâmpada é a metáfora desse Potencial Criativo, o despojamento das intenções pré-estabelecidas é aspecto fundamental para que se possa fazer essa conexão com a possibilidade de se criar.
Após o encontro com o Gênio, o adolescente, que já possui a abstração, passo evolutivo importante, já pode mensurar a diferença entre ser, fazer e poder escolher e agir.
O próprio objeto, lamparina, possui um significado específico. A lamparina serve para iluminar o ambiente, ou seja, metaforicamente refere-se a revelar algo que antes não existia.
Por fim, é interessante também analisar a etimologia de Aladin; o vocábulo árabe “djin” significa “espírito da Natureza, Gênio”, desta forma, a tradução de Aladjin seria o espírito de Ala, o impulso criador, o gênio criativo.
Através de todas estas representações metafóricas, a história de Aladin ajuda a compreender este estudo do processo criativo na adolescência.
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