Relação da Psicologia Social com Comunicação Social; Análise dos pontos de ancoragem

1. Introdução 

O estudo da Psicologia é fundamental para um bom desempenho de trabalho nas áreas de Comunicação Social. Uma vez que o comunicólogo é um formador de opinião, é obrigatório que ele conheça as pessoas, a subjetividade, afetividade, entre outros fatores. Porém, a mensuração destes conteúdos apenas será possibillitada uma vez que este ser tenha conhecimento sobre ele mesmo, ou seja, o preceito fundamental do estudo da psique humano é o auto-conhecimento. E todos estes processos são aprendidos, catalizados, analisados e relacinados no estudo da Psicologia Social.

A seguir conheceremos alguns destes fatores, contextualizados com os elementos citados nesta introdução, relacionando Psicologia e Comunicação Social.


2. Dissertação 

A Psicologia é uma matéria de conhecimento fundamental para uma boa compreensão de todas as relações sociais, e do próprio “eu”. Afinal, ela está intrínseca em nós em todas nossas relações e contextualizações. Saber psicologia é possuir uma grande ferramenta para o fortalecimento pessoal, e para a interação com o mundo exterior e, inclusive, se criar as relações entre mundo exterior e nosso mundo interior, nesta sinapse abstrata de sensações e informações.

Quando se estuda Comunicação Social, mais do que nunca, a Psicologia possui sua fundamental importância, uma vez que o comunicólogo é o formador de opiniões, que interage e envia mensagens diretamente para outros indivíduos, cada um com sua identidade, subjetividade, personalidade, unicidade.

Entender o indivíduo, entender o “eu” é fundamental quando tratamos com outras pessoas e, claro, antes de conhecer o outro, devemos conhecer a nós mesmos. O auto-conhecimento é fundamental para formar-se a base concreta e fortalecida para a compreensão da psique humana e todos seus fatores e ocorrências. E esta desenvoltura psíquica acadêmica e social é catalizada pelo estudo de Psicologia Social onde, nossos conhecimentos, discernimentos e análises passam do puro e simples senso comum que antes tínhamos, para um nível superior de conhecimento e pensamento, mais formalizado e trabalhado, segundo esta bagagem adquirida.

A respeito de bagagem, como sabemos, a psicologia do aprendizado, do ponto de vista humanista trabalha com os conceitos dos pontos de ancoragem, ou seja, a atribuição de novos conceitos e informações à elementos e significações já conhecidas por nós. Desta forma, ampliando os prismas de horizonte a respeito do objeto de estudo em questão, nesta associação e implementação evolucional de idéias e significações. Com o estudo da Psicologia isto também ocorre, ou seja, existem pontos de ancoragem (conhecimentos prévios, que já possuíamos), que servem como pontos iniciais de associação para a implementação dos novos conteúdos aprendidos.

Neste caso, os pontos de ancoragem vão desde conhecimentos aprendidos pela própria vivência, experiência de vida, pela interação com tantas pessoas diferentes, que possuem tantas características únicas, nesta sinergia de encontros e interações; mas muitas vezes analisados mediante unicamente um senso comum, atrelado a uma reflexão mais efetiva; até pontos de ancoragem acadêmicos e fortalecidos na base do conteúdo e linguagem, como o conhecimento das antigas e modernas Teorias de Comunicação; as visões de diferentes filósofos, como Aristóteles, Nietzsche, Foucault, Deleuze, Lipovetski; os pensamentos de sociólogos, como Karl Marx, Max Weber, Durkheim; conhecimentos de Ética, essenciais quando se trabalha com comunicação; e toda a contextualização das tendências da modernidade, no padrão de Indústria Cultural, analisados no texto de Adorno, Walter Benjamim.

Acredito também ser válidos para o estudo da Psicologia, conhecimentos das áreas de exatas e biológicas, aplicados no grande processo de integração multidisciplinar, que é a vida! Vivemos mecanicamente mediante leis físicas, sobrevivendo organicamente por princípios biológicos, em lógicas matemáticas. Visto isso, todas estas teorias de exatas e biológicas, assim como as humanas, também fazem parte deste “eu”. Por exemplo, o estudo biológico neural, do cérebro, a compreensão dos termos de sinapses, que são as transmissões físicas das informações cerebrais, atreladas a experiências e informações subjetivas.

Se pudesse eleger um conteúdo de Psicologia fundamental no processo das competências profissionais de minha área específica, ou seja, a Publicidade, talvez elegeria a Gestalt. O gestaltismo, conhecido também como a Psicologia da Percepção ou, em termos do design, Psicologia da Forma, defende a idéia de que o todo é muito mais do que a simples soma de suas partes. Ou seja, através de um todo você consegue ter o sentido das partes mas, simplesmente pelas partes você não consegue mensurar o todo, uma vez que você não possui os elementos contextuais de relação entre estas partes, fundamentais para a compreensão exata da totalidade.

Os princípios da Gestalt, como a Pregnância, Continuidade, Simplicidade, Lugar Comum, entre outros, são aplicados na idéia publicitária e na elaboração do design, em sua cromoterapia, topologia, tipologia, desde o uso das cores, das fontes, às distribuições dos próprios elementos na página. Aqui, o gestaltismo, com a aliança ao bom senso e todo o trabalho desenvolvido na elaboração do processo gerativo de sentido (que abrange os estágios fundamental, narrativo e discursivo), levando em conta elementos do materialismo publicitário (relação de forma e conteúdo), enunciador e enunciatário, convergem-se em uma espécie de filosofia do design.

Devido a isto, e outros fatores, pela presença da Gestalt no dia-a-dia, nas peças publicitárias, devido sua eficiência, lógica, flexibilidade (trata-se de uma teoria humanista), faço essa eleição do gestaltismo como conteúdo psicológico de fundamental implantação nas capacidades específicas profissionais da Publicidade.

Porém, todos os conteúdos trabalhados no estudo da Psicologia Social possuem suas relações com a Publicidade. Por exemplo, quando trabalhamos os fenômenos do enunciador e enunciatário na mensagem publicitária (respectivamente quem está falando na peça, e para quem a mensagem é direcionada), para criar a projeção da pessoa na peça e, desta forma ocorrer a identificação com a mensagem que, desta forma, é assimilada e o “relacionamento” é criado, agregando valor abstrato à mensagem; faremos isso de forma mais eficiente ao conhecer as fases da vida segundo Erik Erikson e Freud.

Erik Erikson faz os estudos sobre as determinadas fases de vida do ser humano, indicando, inclusive, as virtudes encontradas em cada fase, e os dilemas principais de cada uma delas. Através deste conhecimento, temos uma visão eficaz, mesmo que genérica, das características de nosso público-alvo. Claro, mesmo assim, deve-se levar em conta toda a identidade de cada indivíduo para não cair em um erro de se criar uma campanha hipodérmica, mesmo que setorizada. Já através do conhecimento das zonas de prazer de cada estágio humano, aliado à teoria de associação das idéias, termos estes desenvolvidos e estudados por Freud, temos um maior conhecimento a respeito da psique humana e, por inércia, o maior conhecimento da individualidade do público.

Os defensores do comportamentalismo, os Behavioristas, trabalham com o conceito de estímulo-resposta. De certa forma ele pode ser influente em uma Publicidade, desde que ela seja mais direta. Afinal, este conceito já se apresenta muito limitado, ao estabelecer um paralelo com os humanistas, que pode gerar em um erro de se criar a Publicidade Hipodérmica rígida, ao invés de uma peça dinâmica que gere a eficácia do estágio discursivo.

E aqui notamos uma peculiaridade do estudo, não apenas da Psicologia Social, mas de qualquer estudo, quando comparamos tipos diferentes de idéias; alguns possuem pontos certos e errados, eficientes e ineficientes, dependendo do contexto analisado e do objetivo da aplicação. Mas, o conhecimento de todas as visões é fundamental para se saber o que usar e não usar, o que funciona, e o que não funciona. Afinal, até mesmo para se negar algo, é obrigatório que você tenha o conhecimento do que está negando, caso contrário, uma vez que uma visão não chega nem a ser objetivada, não se tornou nem mesmo parte existencial de seu universo psicológico, como diz as Metodologias.

Mais uma vez ressalto a importância da unificação dos preceitos éticos na elaboração de uma atividade comunicacional, para que os extremos sejam definidos, até onde podemos utilizar as ferramentas na formação de opiniões e transmissões de mensagens onde, ultrapassando este limite, entraremos no campo da manipulação, persuasão, e da linguagem da sedução. Aqui entraríamos em um debate a respeito da eficácia da publicidade ética, da possibilidade ou impossibilidade de, mesmo limitada, ela conseguir atingir seus objetivos pré-estabelecidos, e como proceder para eufemisar conseqüências negativas deste processo de manipulação.

Como mencionado anteriormente, trabalhamos sempre no campo subjetivo e, para se compreender a subjetividade, necessitamos de um estudo da afetividade, visto que ela é a matéria prima da própria subjetividade. E, uma vez que falamos de matéria-prima, e retornamos nossas análises aos limiares fundamentais, básicos, é válida a ressalva de que o homem é um ser sócio-histórico-cultural, apenas capaz de ser integralmente humano no convívio com demais humanos. A partir disso, partimos de um princípio integralista da constituição do homem, que unifica o pensamento naturalista (homem como resultante de seu meio), e os geneticistas, dos homens como simples constituição genética e biológica.

Outro amplo conteúdo que possui uma relação extremamente direta com o campo publicitário é a Criatividade. Entender o que é a criatividade, quais os facilitadores, os pré-requisitos de seu desenvolvimento, entender o ser criativo, o processo de criação é, simplesmente, a fonte essencial do processo publicitário. Um estudo muito amplo e aprofundado, mas que, assim como um espelho reflete os raios de luz em ângulos incidentes e reflexivos congruentes, e a água refrata a luz, a Criativade reflete toda a potencialidade humana, de atitude a comportamento, e refrata suas especialidades e características.

Devido a todos os apontamentos e referências criadas nesta análise, ressaltamos a importância do estudo da Psicologia Social na área da Publicidade, provando que, na realidade, os termos de ambas as ciências caminham juntos e ordenadamente, no processo que, se fossem seres biológicos, seria considerado como comensalista (ou seja, um aproveita elementos do outro, sem que um acabe prejudicando o outro, direta ou indiretamente).


3. Conclusão 

A Psicologia e a Comunicação Social, se fossem seres biologicamente constituídos, materializados, possuiriam uma associação comensalista, onde um aproveitaria elementos do outro, sem que um prejudique o outro direta ou indiretamente. Com isso quero dizer que, estas duas ciências caminham juntas, e convergem os universos de seus elementos e conteúdos, constituindo assim uma base formalizada, completa e concreta de relações, para o desenvolvimento de seus respectivos processos.

4. Referências Bibliográficas 

FURTADO, O.; BOCK, A.M. e TEIXEIRA, M.L. Psicologias : uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Saraiva, 2002.



Artigo escrito por Luis Fernando Pizzarro Bueno Ramos

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