Quanto a argumentação, a lógica estuda e sistematiza a validade ou in validade das argumentações. Porém, também podemos entender os argumentos como sendo inferências ou raciocínios, uma vez que estes são termos equivalentes. Em uma análise por um prisma mais complexo, construiria a analogia de que a argumentação está para a lógica assim como a subjetividade está para a psicologia, ou seja, cada elemento citado são “matérias-prima” de suas respectivas ciências. Mais do que a “matéria-prima” da lógica, a argumentação é o coração da filosofia, sendo os argumentos um dos três elementos centrais da filosofia, onde os outros dois são os problemas e as teorias. A relação que fazemos entre estes elementos é que os filósofos procuram resolver problemas, criando teorias que se apóiam em argumentos. Ou seja, neste grau frásico hierárquico, o argumento é a base de apoio fundamental das teorias para a resolução dos problemas.
Parmênides, através de seu estudo e suas análises a respeito de permanência, continuidade e identidade (onde através da permanência, a continuidade fixa da essência de um ser se constrói e firma sua identidade; visão esta contrária à Psicologia, onde a formação da Identidade é realizada por elementos integralistas, tanto com influências genéticas ou naturalistas, mas é um processo vital cognitivo realizado com a Aprendizagem, é algo dinâmico, e não estático) afirma que o real é o imutável, e o mutável é a ilusão. Ou seja, o que é de fato real no mundo, são as coisas que não mudam. Quando presenciamos uma mudança no mundo, ela não é real, e sim uma ilusão proporcionada pelos nossos sentidos humanos. Para os cosmológicos, pré-socráticos, como Parmênides, os sentidos enganam o homem. A respeito desta análise de mudanças e inércias, entre real e ilusório, Parmênides estabelece esta regra perceptiva para o funcionamento e a aplicação do conceito de logos como linguagem / discurso e pensamento / conhecimento, desta forma verificando sua adequação. Aqui abro um parêntese contextualizando a matéria à área de atuação publicitária, dizendo que da palavra grega logos se originaram os termos logo e logotipo, utilizado na publicidade, como símbolo que comunica de forma representativa uma empresa, instituição, baseados em fatores eidéticos, topográficos e cromáticos.
Retornando à questão central, como exemplo dos nossos sentidos enganando o homem, poderia utilizar como exemplo o cinema. Na realidade o filme que você vê, aquele movimento, em tese cinemática, pelo estudo físico da ótica e do movimento, não existe. Na realidade é uma sucessão de quadros inertes apresentados a uma velocidade aproximada a 30 quadros por segundo, onde cada cena representa metonimaticamente fragmentos de um movimento que, quando mostrado sequencialmente, torna-se contínuo. O olho humano capta os quadros exibidos rapidamente e o cérebro processa como a ilusão do movimento. Sobre os sentidos enganarem o homem, neste fragmento analítico os cosmológicos possuem razão, porém contextualizam esta linha de raciocínio em um outro tipo de abordagem que, em totalidade acaba por não ser tão exata e correta. E, neste caso do cinema, o real é a estaticidade das cenas, e o movimento é a ilusão causada pelos sentidos visuais humanos e o processo neural das sinapses, ou seja, além de um exemplo sobre a abordagem pré-socrática dos sentidos, é também um exemplo da análise parmenidiana.
Heráclito trabalhava com a suposição de que a realização de uma mudança se dá por contradições, ou seja, as coisas se alteram para seus opostos. Diferentemente de Parmênides, para Heráclito as mudanças do mundo representam o real e a permanência representa a ilusão. Destas mudanças para opostos nasce o conceito da dialética.
Agora, note que interessante: uma vez que Heráclito diz que as coisas mudam para seu contrário, e Parmênides é oposto a Heráclito, significa que quando alguém admite uma lógica heraclidiana e depois acaba abandonando esta ideologia e adora uma postura parmenidiana, significa que isso se torna um exemplo do pensamento heraclidiano; afinal, a ideologia da pessoa se alternou para seu contrário, de Heráclito para Parmênides, que são opostos.
Aristóteles diz que Heráclito comete um erro, pois Aristóteles, por sua vez, considera desnecessária a separação de realidade e aparência em dois mundos diferentes, ele não aceita que o devir (permanência) e a mudança sejam mera aparência ilusória. Estes conceitos de mudanças, na realidade são muito relativos, e não absolutos, não é uma regra natural fixa e generalizada, uma vez que há seres cuja essência é mudar, e seres cuja essência é imutável. Aqui eu puxo para um conceito da física clássica, e faço um comparativo sobre esta não generalização da regra à Teoria da Relatividade de Albert Einstein que, por essência também trata a respeito da não absolutização do todo, e dos elementos, inferindo que são relativizados; “tudo é relativo, nada é absoluto”. Claro, poderíamos facilmente aqui cair em um paradoxo constante, como uma imagem recursiva, ou fractais já que, uma vez que tudo é relativo, e esta teoria também se enquadra no conceito de tudo, dentro deste grande universo de classificações, logo, ela também é relativa. Segundo este pressuposto de transitoriedade, a idéia de que nada é absoluto, tudo é relativo seria, também, relativa, deixando uma finalização em aberto quanto a esta análise.
Por fim, continuando a visão aristotélica, completo dizendo que, nesta ideologia os elementos universais, através das transformações realizam as potencialidades contidas em suas essências e esta mudança não é contraditória, mas uma identidade que o pensamento pode conhecer.
Artigo desenvolvido por Fernando Ramos
3 comentários:
é teem bastante informação !!!
Amei....
heráclito dizia que tinha dois mundos?
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