A Língua Portuguesa



180 milhões de brasileiros, 180 milhões de herdeiros. Herdeiros da última flor do Lácio, flor de nossa nacionalidade, nossa identidade, o nosso idioma. Na grande árvore histórica, essa flor faz parte do ramo itálico no grande tronco da família indo-européia. Forte tronco brotado de sua semente sânscrita, plantada sagradamente no bramalhismo, junto ao védico.


Pela diacronia, mergulhamos na história, origem, o estudo evolutivo de nossa flor, saboreando as riquezas de nosso idioma e nos sentindo honrados por sermos herdeiros de uma tradição milenar. Nesta subconsciente viagem histórica percebemos o nascimento dessa flor, no berço da Península Ibérica.
Por motivos geográficos há movimentos de migração de população do norte da Índia e Planalto Iraniano para a Europa, em busca de comida, mesclando os povos com o que havia de mais antigo na Europa, os celtas, evoluindo o idioma. Posteriormente, os italianos, por seus exércitos chegaram à Península Ibérica, com seu latim empobrecido de soldado raso, de exército. O local onde estavam os celtas na Península Ibérica, recebe os latinos.
A partir do século IV há os movimentos migratórios dos povos germânicos: alanos, visigodos, vândalos, suevos (bárbaros). Os vândalos atravessam a Península Ibérica, chegando à África. É importante destacar também neste estudo a decadência do latim, com a queda de Roma.
No século VII, surgem os árabes, que chegaram à Península Ibérica no século VIII. Já os Islâmicos chegaram ao norte da África, dez anos após a morte de Maomé. Do norte da África chegaram à Península Ibérica, permanecendo lá por oito séculos. No século XIII, fruto de um trabalho militar denominado A Reconquista, os árabes foram expulsos da Península Ibérica. Os príncipes e reis da Península expulsam os mouros para o sul, para a África. Surge o galego português, antecedido pelo surgimento do moçarabe (submisso ao árabe).
À medida que árabes deixam território, o português se firma. Vai se firmando de forma gradativa, até virar nosso português. Os primeiros textos escritos em neste idioma datam do início do século XIII. Criando um paralelo histórico, é importante observar que Portugal torna-se nação independente em 1128, século XII. Desde essa época, as fronteiras da Península Ibérica são as mesmas, permanecendo assim até os dias atuais. À medida que Portugal tornou-se independente, adotou a língua portuguesa. Lisboa vira capital de Portugal.
Os primeiros textos de nosso idioma foram reproduzidos e conservados. Durante os séculos XII ao XIV, houve o trabalho de reprodução e conservação desses textos, que estão localizados em Lisboa (Biblioteca da Guarda e Biblioteca Nacional).
Estes textos contêm três categorias de poesia:

Cantigas de amigo, poemas amorosos, maior parte construído por traços populares, onde a mulher, a figura feminina permanece como tema predominante.

Cantigas d’amor, que falam do homem, são mais eruditas que as de amigo. São a abstração da inventividade literária masculina.

Cantigas de Escárnio e Maldizer, de caráter satírico, algumas vezes feitas em tom mais, ou extremamente grosseiro.
Esses textos do século XIII eram inspirados em anteriores, do século XI, XII, nas poesias provençais, textos trovadorescos do século XII, que eram escritos em provençal (língua da região de Provence, sul da França).

Além destas poesias, destas literaturas em provençal (nobreza), nossa flor do Lácio é regada por influências do árabe e do hebraico.
A partir do século XIV (sobretudo segunda metade do século XV), português passa a ser uma língua expandida, pois se inicia a época das navegações. Inspirados pela escola de Sagres, portugueses desenvolveram grande tecnologia na navegação. Nessa época, a caravela era o que se tinha de mais perfeito em tecnologia, em engenho.

Com estas obras tecnológicas, contornaram a África, chegando à Ásia, expandindo assim o português. Dirigiram-se até o Oceano Índico e, mais tarde, até o sudeste asiático.

No século XVI, Portugal chega a um novo continente, a América; descobrindo e tomando posse de um novo território, Brasil. Cultura é mistura, não purismo, e esse conceito é muito bem aplicado ao falar sobre o Brasil. Comprovamos essa afirmação ao relatar que Portugal chegou em um país com várias línguas indígenas, exercendo grande influência na atual forma de nosso falar. O idioma português que veio e se instalou no Brasil é muito mais rico que o português de outras regiões. Além da especificidade Ibérica e suas influências, vai ter contribuições das línguas indígenas, e também das línguas africanas, com o tráfico negreiro. Os negros trouxeram sua cultura ao chegarem neste grande país de misturas.
Em 1888, com a abolição da escravatura, Brasil precisa de mão de obra para desempenhar o trabalho. Devido a este fato, começam a vir imigrantes de grande parte da Europa (italianos, espanhóis, húngaros), e asiáticos (japoneses, chineses).
Para termos uma idéia clara de como era o Brasil na época colônia, uma grande fonte de informação são as cartas dos missionários jesuítas (de seis em seis meses produzem textos sobre tudo o que presenciaram, e enviam à Roma, sua cede). Um grande destaque são as cartas de Anchieta. Quem as ler, conhece o Brasil real do século XVI, pois ele escreve sem interesse, sem querer impressionar os reis, rainhas, como fazem militares, políticos. Escrevem para algo interno de sua congregação, e não para reis, conseguindo assim relatar a realidade de forma mais fiel.
Analisando todo esse passado, essa cronologia, utilizamos a diacronia como um microscópio que nos permite separar e analisar cada pétala de nossa flor do Lácio. E assim perceber todos os elementos que a constituíram, adubaram, regaram. E hoje, essa flor sempre frutifica, em nossa cultura e identidade nacional. É importante, como pudemos observar, a influência de línguas estrangeiras, mas temos que ter cautela, sermos moderados para não fazer com que essas novas raízes transformem-se em ervas daninha, que tiram o espaço e identidade de nosso tesouro tão precioso.
Luis Fernando Pizzarro Bueno Ramos

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