Chegamos a um momento de existência global, a um ponto de nossa sociedade onde, para conseguirmos alcançar o sucesso, não dependemos apenas da “metaforização” platônica de sair da caverna em direção à luz da sabedoria. Como bem afirma Lipovetsky, em nossa contemporaneidade, a sociedade inteira torna-se essa caverna, eliminando a possibilidade de fuga, com tantos algemados pelo inconsciente. A questão, visão para alcançar o sucesso torna-se outra, uma forma mais concisa de atingir este objetivo. A alternativa é iluminar dentro da grande caverna, que é nossa sociedade.
O mundo possui mentes brilhantes, expoentes ilimitados de determinação e força. Muitas coisas já foram inventadas, muitas teorias criadas, tantos bens descobertos e inventados. Porém, paradoxalmente a este fato, à medida em que possuímos uma fluência temporal (que não deve ser analisada linearmente, mas como um rizoma deleuziano), a progressão social torna-se inversamente proporcional.
Com base nesta análise, poderia dizer, até de certa forma negativa, que encontro uma resposta à questão elaborada pelo concurso, que a antagoniza. Não inventaria nada para tornar o mundo um sucesso. O mundo é constituído de constantes sucessos, que muitas vezes não são analisados, por serem ignorados pela massiva sociedade. Uma sociedade massiva dominada por conceitos estereotipados, da Indústria Cultural, ideologias introjetadas por Aparelhos Ideológicos de Estado. Enfim, uma sociedade que acaba por descartar as pessoas que buscam o sucesso através da ética, questionamento, pessoas que, para o bem do próximo, lutam contra a maré em busca de uma abrangência de liberdade democraticamente ética; conceito esse abordado pelos estudos de Nietzsche. Isso é uma forma de obter-se um eterno retorno, imaginativo, às concepções de sucesso, que pode ser re-concretizado.
Resumindo, o mundo já teve suas melhores eras, já possuiu mais fontes de sucesso, mas tornou-se dominado por uma tsunami de falsas influências que apagam seu brilho. Como diria Foucault, as relações de poder, que mesmo micro e moleculares, devem ser administradas, analisadas. Devemos então, através de bem demonstrados métodos arqueológicos, escavar discursos, encontrando, filtrando e sorvendo as idéias que realmente ele expressa em suas entrelinhas. Dessa forma, estetizando nossa existência. Ou seja, eu não inventaria um aparelho, não criaria um feriado, não responderia a questão de forma genérica, utilizando o termo tão banalizado “conscientização”, como um escudo para mascarar a falta de crivo crítico à resposta. Afirmo que a “invenção” deve ser a valorização de uma forma ideológica buscada por todas as pessoas que conseguem lutar contra essas influências pretensiosas, uma ideologia (termo que pode ser tanto negativo, como positivo, e usado com sabedoria, na concepção marxista) que valorize o ser humano estetizado. Afinal, diferente do modo de vista cartesiano, não somos inativos, temos a capacidade de aprender, progredir, evoluir. Mas se deve analisar quando, como e com quais conseqüências.
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